Atualizada às 20h34
COM CAIO DO VALLE e PAULA FELIX
SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), publicou decreto nesta terça-feira, 16, que autoriza a circulação de skate, patins, patinete, triciclo, quadriciclo, cadeiras de rodas e bicicletas elétricas nas ciclovias e ciclofaixas. A decisão ocorre seis meses após o governo massificar a implementação das vias para ciclistas.
Todos esses equipamentos também poderão rodar pelas ciclovias e ciclofaixas mesmo que movidos a energia elétrica, desde que não sejam "equiparados a ciclomotor" e "desempenhem velocidades compatíveis com a via, a segurança e o conforto dos demais usuários". Segundo o decreto, os órgãos municipais de trânsito, como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), "poderão restringir a circulação de veículos e equipamentos em vias e trechos específicos, desde que devidamente sinalizados".
A reportagem do Estado apurou que a decisão do governo tenta também dar volume de uso para as ciclovias, que ainda seguem vazias durante a semana. É somente nos sábados e domingos que as faixas têm registrado público maior.
O prefeito também facilita a circulação de pessoas com deficiência, usuárias de cadeiras de rodas, nas ciclovias. A liberação para os skatistas atende a um pedido feito pelos praticantes da modalidade - o skate é o segundo esporte mais praticado na capital, atrás apenas do futsal.
A determinação foi bem recebida por cicloativistas e representantes dos skatistas na capital. Diretor de participação da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Daniel Guth diz que a inclusão de outros meios de transporte nas ciclovias é importante para a cidade. "Muitas vezes, as pessoas tendem a criar um certo atrito entre ciclistas e skatistas, mas o que há são pessoas promovendo saúde." Guth criticou apenas o fato de carroceiros não terem sido incluídos. "Eles estão utilizando as ciclovias, especialmente na região central, e não há nenhum projeto de inclusão no sistema."
O presidente da Federação Paulista de Skate, Roberto Herondino Maçaneiro, concordou com a proposta, mas disse que é necessário garantir a segurança. "É boa decisão, desde que sejam respeitadas as normas de convivência. Temos poucos espaços com equipamentos específicos para skate e são mais de 500 mil praticantes."
Elogio. Em tratamento para recuperar o movimento das pernas, o auxiliar de cozinha Bruno Breni dos Santos, de 21 anos, sofreu um acidente de moto e usa cadeira de rodas há um ano. Ele já é adepto das ciclovias. "Fica melhor para se locomover, porque as calçadas não são adaptadas e têm muitos buracos."
A jogadora de basquete Vilma Miranda, de 47 anos, é cadeirante desde os 20, quando foi vítima de uma bala perdida, e também é a favor da utilização das vias para bicicletas por pessoas em cadeiras de rodas. "A convivência é possível, já fui várias vezes para ciclovias em praias e nunca aconteceu nada. Dá para conviver em paz."