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Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Hoje é dia do pedestre. Ops, da pessoa que anda!

Em primeiro lugar, há gente demais que morre ou se acidenta andando a pé.

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Por Mauro Calliari
Atualização:
 Foto: Estadão

8 de agosto, dia do pedestre.

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Hoje é um bom dia para pensar em todo mundo que anda a pé pela cidade. Olhe ao redor, tem um monte de gente por aí. Em S.Paulo, 30% das coisas que as pessoas fazem num dia, fazem a pé. Entretanto, no momento em que os paulistanos parecem estar buscando avidamente a retomada de seus espaços públicos, há pouco o comemorar:

Em primeiro lugar, há gente demais que morre ou se acidenta andando a pé. Foram mais de quinhentas pessoas atropeladas no ano passado*, na faixa, fora da faixa, na calçada, por carros, ônibus, motos e até duas por bicicletas. Normalmente, esse tipo de acidente não causa comoção nenhuma. As rádios que cobrem o trânsito tratam isso como "acidente com vítima" ou "atropelamento" e passam a preocupar-se com o número de quilômetros de congestionamento que tal morte provocou. Além disso, os acidentes nas calçadas revelam os buracos e falhas do piso: quase a metade dos atendimentos de ortopedia do Hospital das Clínicas está ligado a quedas nas calçadas.

Em segundo lugar, nossa cultura ainda é a de menosprezar quem anda a pé. "Quem anda a pé não tem dinheiro para comprar carro". "Quem anda a pé que espere a sua vez de atravessar". "Quem anda a pé não deu certo na vida". Basta ver uma das definições de pedestre no dicionário: "sem brilho, rústico, modesto".

Um dia como hoje é um bom momento para ajudar a mudar isso. Para começar, vamos lembrar de que andar é muitas vezes uma escolha pessoal, mais saudável, mais agradável, mais ligada à cidade e, no mínimo, menos poluente.

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Depois, quando estivermos na posição de motoristas, vamos sair de casa mais cedo para não ter nenhuma vontade de correr, atravessar sinal no amarelo, entrar na faixa de pedestre.

E, para terminar, vamos traduzir as estatísticas em coisas concretas: não foi um pedestre que foi atropelado ontem. Foi alguém com nome, profissão, parentes, amigos, gostos, uma vida a ser vivida. Uma pessoa, como eu ou você.

 

Foto: Mauro Calliari

*Para saber mais sobre os acidentes em S.Paulo, http://www.cetsp.com.br/media/412276/3relatoriofatais2014.pdf

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