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Advogado criticado pela PM deve ser novo ouvidor das polícias de SP

Ariel de Castro Alves, com histórico de defesa dos direitos humanos, venceu eleição para o cargo e lidera lista tríplice; decisão cabe ao governador Geraldo Alckmin

Por Bruno Ribeiro
Atualização:

O advogado Ariel de Castro Alves obteve mais do que o dobro dos votos do que o segundo colocado na eleição feita pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) para a escolha do novo ouvidor das polícias do Estado de São Paulo. A eleição deve ter o resultado homologado nesta quinta-feira e a listra tríplice, encabeçada por Castro Alves, será levada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que irá indicar o novo ouvidor. O mandato do atual ocupante do cargo, Julio Cesar Fernandes Neves, termina em 17 de dezembro. Castro Alves é ex-membro do Condepe, onde já foi secretário-geral, e foi membro do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). É coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, membro do grupo Tortura Nunca Mais e Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura. Diz que seu nome "foi o escolhido pelas entidades de defesa dos direitos humanos". Ele atua há mais de 20 anos na área dos direitos humanos. Crítico de violações aos direitos humanos praticadas por policiais, o advogado foi citado nominalmente, em agosto, pela página oficial da Polícia Militar no Facebook, por ter compartilhado uma charge que mostrava um policial fardado com a frase "modelo diurno" e uma motoqueiro encapuzado, de arma na mão, com a frase "modelo noturno". Era uma referência as suspeitas de execução praticadas por PMs.       "Essa atitude igual seu praticante àquele que supostamente pretende combater, pois discrimina homens e mulheres honrados", alegou a Comunicação Social da PM, na postagem, que descreveu a corporação como "indignada" com o compartilhamento. Além da crítica oficial, o advogado também recebeu ameaças anônimas pela rede após a postagem. Castro Alves se posicionou na época: "Sempre posto charges referentes à corrupção na política, violência policial,redução da maioridade penal, sobre intolerância e injustiças. Não tive a intenção de promover ofensas, discriminações ou estigmatizações generalizadas com relação à Polícia Militar, seus trabalhadores e trabalhadoras e mesmo quanto aos seus símbolos". A charge era de 2012. O advogado refuta a ideia de que seu histórico de críticas pode atrapalhar a relação com as polícias. "Em 2005, por causa de minha atuação com relação à situação na antiga Febem, cheguei a ser criticado pelo próprio governador. Mas reconheço, hoje, os esforços que foram feitos pela Fundação Casa, investindo em unidades menores, descentralizadas. É claro que temos de ter um trabalho crítico, mas também temos de saber valorizar as boas experiências dos bons policiais", diz o advogado. "As próprias corporações não têm interesse em manter maus policiais, criminosos e corruptos", afirma. Dificuldades. A troca do ouvidor das polícias ocorre um momento delicado na segurança pública de São Paulo. As estatísticas oficias da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram quedas recorrentes nos índices de homicídio e redução do número de roubos, após uma explosão sem precedentes no ano passado. Mas a divulgação dos índices tem sido vista como ações personalistas do titula da Pasta, Alexandre de Moraes. A maior chacina da história de São Paulo ocorreu neste ano e as investigações apontaram para a existência de uma organização criminosa dentro da Polícia Militar, que teve neste ano agentes acusados de executar suspeitos no chão, forjar confrontos e jogar civis do telhado e matar inocentes e registrar o caso como atropelamento, para citar alguns casos. Além disso, as brigas entre policiais civis e militares têm sido cada vez menos veladas. Tudo isso entre divulgações de vídeos mostrando festas regadas a álcool em delegacias, (uma com um 'go go boy anão').

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