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Histórias de São Paulo

Santos Dumont, SP e a Revolução

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Por Pablo Pereira
Atualização:

Ele era mineiro, viveu e ficou famoso na França, por sua ousadia de voar, mas foi um paulistano. Referências sobre ele e sua obra estão pela cidade. E neste mês de julho, tempo da Revolução Constitucionalista, sempre volta à memória. Santos Dumont, a pai da aviação (1906), é lembrado nas praças 14 Bis (Bexiga) e Campo de Bagatelle (Santana) e no casarão da Alameda Cleveland (Santa Cecília), hoje preservado pela Fundação de Energia de São Paulo, no qual viveu com a família.

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A ligação de Alberto Santos Dumont (1873-1932) com São Paulo aparece bem no livro Santos Dumont, bandeirante dos ares e das eras, de Paulo Urban e Homero Pimentel (Editora Madras). Ganhei o livro do amigo jornalista Ari Camargo, um amante das histórias paulistanas. Li também Os meus balões, tradução do original Dans L'Air, obra da biblioteca de O Estado de S.Paulo.

Os livros contam detalhes saborosos da trajetória do inventor brasileiro. Foi em São Paulo que o pai dele, Henrique Dumont, o emancipou, aos 18 anos, e deu-lhe umdote em títulos suficiente para que se dedicasse ao sonho de voar sem se preocupar com rendas.

A obra de Urban e Pimentel lembra o ocaso do "Petit Santôs", como o visionário adorador de balões e maquinetas era chamado em Paris por ser franzino. Em 1932, doente, refugiado no Guarujá para tratamento, vê-se Santos Dumont no meio do conflito político entre São Paulo e o governo central. E tem sua obra maior, o avião, sendo usada "pelo ditador Vargas" na guerra contra São Paulo. "Era sábado, 23 de julho. Dumont recebe pelo rádio a notícia de que aviões legalistas haviam bombardeado o Campo de Marte , em São Paulo, e que voavam para atacar Santos, São Vicente e Guarujá", conta o livro.

Aos 59 anos, Santos Dumont vivia deprimido. E, naqueles dias, acumulava a frustração de tentar influir em busca de apoio mineiro para São Paulo, sem conseguir. Redigira manifesto conclamando Minas Gerais a juntar-se aos paulistas contra o governo central, mas fracassara. "Entrou em pânico", relatam os historiadores. Culpava-se "por toda a desgraça que via exposta à sua volta". Contam os biógrafos que ele desistiu da vida no apartamento 152 do hotel La Plage enforcando-se com "duas gravatas vermelhas".

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Getúlio Vargas, ao saber da morte mandou mudar a causa mortis para "parada cardíaca", negando ao país o motivo do falecimento do "herói nacional". Anos depois, em 1954, o próprio Getúlio buscaria no ato que tentara esconder a sua entrada para a história.

 

 

(texto publicado em O Estado de S.Paulo)

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