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Histórias de São Paulo

Raios e trovões nas noites de SP

Por Pablo Pereira
Atualização:

Com essa interminável temporada de chuvas, raios e trovões em São Paulo, documentada nos jornais com números, fotografias de céus carregados, ameaçadores, e com explicações de relampólogos sobre os muitos clarões, lembrei de fragmento do livro de Laurentino Gomes, 1822.

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 Ele conta como D. Pedro I e sua amante Domitila dormiram juntos pela primeira vez no que foi um rumoroso caso de amor, com conseqüências trágicas para a família do imperador.

 A primeira noite do casal aconteceu em São Paulo, "na antiga Rua do Ouvidor, atual José Bonifácio", conta o escritor, revelando não só a data, 29 de agosto de 1822, mas também como estava aquela noite na cidade: "noite chuvosa e cortada por relâmpagos".

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Abaixo, mais observações sobre a leitura recente do excelente livro de Laurentino Gomes, em texto publicado em O Estado de S.Paulo em 21/11/2010 sob título:

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"Olhar o passado, às vezes, pode ser perturbador Remexer papelada guardada, fuçar em arquivos e olhar com lupa o passado são sempre atividades reveladoras. Sempre que há luz clara de pesquisa sobre momentos da história, de lá emergem reflexões e, às vezes, informações desconcertantes. Dias atrás concluí a leitura de 1822 (Nova Fronteira, 2010), livro de Laurentino Gomes que trata dos episódios da Proclamação da Independência, muitos deles ocorridos na vila de São Paulo. A cidade, segundo Laurentino, tinha 28 ruas, 1.866 casas, 6.920 habitantes na zona urbana, 20 sapateiros, três violeiros, um barbeiro - e mais mulheres do que homens. Os bairros Braz, Pari e Tatuapé, juntos, contavam 36 casas, 186 pessoas. O livro tem manancial impagável de informações sobre o período e só sua leitura - prazerosa - dá conta de toda a sua riqueza. Mas prepare-se: não há como sair dele sem as marcas de uma formação nacional abrutalhada e meio falsa. Relembra-se lá que quem redigiu os termos da Independência do Brasil, o episódio do paulistano bairro Ipiranga, foi uma austríaca, a princesa Leopoldina, ajudada pelo paulista José Bonifácio; na chegada à colina que abriga o museu, o imperador D. Pedro I não montava um garboso cavalo, mas sim uma mula; e o quadro símbolo, aquele que se aprende desde criança como a representação do momento mais alto do 7 de Setembro, de Pedro Américo, por sua vez, é uma cópia de uma pintura de 1875, do francês Ernest Meissonier, que retrata Napoleão na batalha de Friedland e está no Metropolitan Museum of Art, de Nova York.

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 Foto: Estadão

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Mas o mais perturbador é a alusão ao comportamento grotesco do imperador D. Pedro I com a mulher, mãe de seus filhos, no episódio do aborto da nona gravidez, que a levou à morte em 11 de dezembro de 1826, aos 30 anos.

Conta o livro, apoiado por uma carta de Leopoldina a uma irmã, que certa vez "D. Pedro teria tentado arrastá-la à força até a sala (...), puxando-a pelo braço. Diante da resistência obstinada, lhe teria desfechado o chute no abdômen"."

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