Outro dia, subindo e descendo as cordilheiras andinas, por horas e horas, em uma viagem a la García Márquez, para o Estado, fiquei recordando de uma paixão antiga: os mapas. Sim, os mapas. O poeta Mario Quintana gostava de dicionários. Passava horas olhando as palavras, procurando-lhes o sentido, divertindo-se ao inventar os próprios dicionários.
Bom, cada um com seus problemas. Nos escritos de Quintana aprendi a ler e a gostar desses compêndios sem figuras. E combinava aquilo com o fascínio da leitura dos gibis. Mais ou menos ao mesmo tempo descobri que também gostava das descrições dos cartógrafos. Até hoje, por onde ando, procuro mapas.
Nos últimos anos, a vida ficou mais fácil com a ferramenta Google Maps e sua evolução, o Google Earth, que nos permite ver as imagens. Para ver exatamente por onde passei nas alturas dos Andes, abri uma temporada de buscas na web. E encontrei uma maravilha: a coleção de 117 mapas do Brasil da fantástica coleção histórica da David Rumsey Cartography Associates, de San Francisco (EUA). É uma "viagem".
Ao alcance de um click há relíquias que já exigiram, noutros tempos, demasiado esforço e muita paciência. Na coleção há descrições como a do Brasil de 1835, quando São Paulo e Rio Grande do Sul faziam fronteira diretamente, sem Santa Catarina e Paraná a separá-los. .
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E muitas outras belezas. Como aquele de 1747, de Emanuel Bowen, publicado em Londres. E um outro, ilustrado, com cenas brasileiras, de A. Fullarton, 1872, também publicado em Londres, ambos relacionados na coleção.
David Rumsey criou essa oportunidade para os adoradores de mapas se divertirem e mais: usando as modernas ferramentas Google, jogar um mapa antigo sobre o globo (Earth) para comparar as evoluções da ocupação do espaço das nações na Terra. Coisa de maluco.
E pensar que o meu querido poeta sulista perdeu isso!