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Histórias de São Paulo

Moda, elegância e ousadias em SP

Por Pablo Pereira
Atualização:

A cidade passou a semana na atmosfera da moda, com a São Paulo Fashion Week, evento que projeta o modelo das roupas da próxima estação e coloca a Bienal do Ibirapuera no mapa dos negócios do setor. É evento relevante para a indústria do vestir. E, de quebra, revela talento e elegância da mocidade em belos momentos nas passarelas.

Toda essa concentração de beleza e charme, que tem em torno de dez anos nesse formato, é somente uma amostra do que São Paulo já viu nessa vitrine. A evolução das costuras paulistanas mostra que o vestuário por aqui já deu muito pano para mangas.

"Agora já tão usano,

A saia da anca lisa...

Num demora vem o uso:

visti saia sem camisas..." (sic)

A quadrinha, cantada em festas de família do interior, na segunda metade do século 19, criticava os costumes das mulheres que à epoca se aventuravam a mostrar os ombros, lembra Gilberto Leite de Barros em seu A Cidade e o Planalto (1967, Martins Editora).

No capítulo "A moda feminina no século 19", Barros conta que "em 1865, inscreviam-se entre as costureiras de classe: Madame Martin, estabelecida na Rua do Ouvidor; Mme. Pruvot e Mme. Pascau, na Rua da Imperatriz; Mme. Rochat na Rua de São Bento".

Diz o observador paulistano, referindo-se às influências do corte europeu na cidade brasileira oitocentista: "Trabalhava (...) pelo ajustamento dos vestidos na cintura alargando o quadril na forma de violão, ou abrindo o decote sôbre (sic) o colo; neste último caso uma nesga de seio era dado a ver".

Barros lembra que as primeiras lojas de roupas feitas apareceram em São Paulo em 1865 pela mão de um francês, João Batista Pascau - que era casado com a referida Madame Pascau. Vendo uma boa oportunidade, o casal abriu a loja "Ao Profeta". Vendiam tanto para mulheres quanto para homens.

Os Pascau foram os pioneiros nesse comércio até que outro francês, Gustave Bernard, aproveitando-se da reclamada ausência de bons alfaiates na cidade - como costumava repetir o poeta Castro Alves -, criou, em 1877, à Rua da Imperatriz, a casa "Au Printemps".

A história da moda mostra, no decorrer dos anos, que a capital se vestiu à europeia por muito tempo. Mas revela também que ousadias já chocaram mais nas ruas do que nas passarelas.

(texto publicado em O Estado de S.Paulo)

 
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