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Histórias de São Paulo

Luís Gama: olhaí, gente!

Por Pablo Pereira
Atualização:

Outro dia, de madrugada, assistindo aos desfiles de carnaval de São Paulo, lembrei de Luís Gama, poeta, escritor, jornalista e rábula, que viveu na cidade na segunda metade do Século 19. É uma das principais figuras do abolicionismo paulista, militou contra a escravidão e foi parceiro de escritos de gente importante naqueles dias, como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa.

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Já falei aqui sobre esse personagem histórico da cidade, que teve trágica infância (foi vendido pelo pai) e rica superação pessoal, além de contribuição importante para a humanidade. Não me lembro de ter visto Luís Gama na avenida. Mas mesmo que já tenha sido homenageado, não seria demais fazer-lhe, como dizem os artistas, "uma releitura".

Fica a sugestão para o próximo carnaval. E, abaixo, fragmentos do poema Meus amores, do seu Trovas Burlescas. Como lembra texto de Heitor Martins, um dos estudiosos de Luís Gama, o poema foi publicado no jornal Diabo Coxo, a 3 de setembro de 1865, e inserido nas Primeiras Trovas Burlescas a partir da terceira edição (1904)":

Meus amores são lindos, cor da noite

Recamada de estrelas rutilantes;

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Tão formosa creoula, ou Tétis negra,

Tem por olhos dois astros cintilantes.

.

Em rubentes granadas embutidas

Tem por dentes as pérolas mimosas,

Gotas de orvalho que o universo gela

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Nas breves pétalas de carmínea rosa.

.

Os braços torneados que alucinam,

Quando os move perluxa com langor.

A boca é roxo lírio abrindo a medo,

Dos lábios se destila o grato olor.

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.

O colo de veludo Vênus bela

Trocara pelo seu, de inveja morta;

Da cintura nos quebros há luxúria

Que a filha de Cineras não suporta.

.

A cabeça envolvida em núbia trunfa,

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Os seios são dois globos a saltar;

A voz traduz lascívia que arrebata,

- E coisa de sentir, não de contar.

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