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Os problemas dos bairros de São Paulo em discussão

Aviões ameaçam a Serra da Cantareira

Por Marcel Naves
Atualização:

Segundo moradores  a vegetação da Serra da Cantareira  está sendo prejudicada pela poluição emitida por aviões Foto: Estadão

A vegetação muda, os animais estão desaparecendo e os moradores frequentemente acordam sobressaltados. Estes são apenas alguns dos problemas provocados na Serra da Cantareira, na zona norte, por uma rota de voo.

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A situação fez até que uma ação civil pública fosse aberta junto ao Ministério Público Federal. Izabel Rapaso, uma das responsáveis pela iniciativa, lembra que a exemplo do MP,já recorreu a várias instituições mas nada foi feito.

Para moradores mais antigos, como 0 aposentado Ermínio Urbano, que reside na região há mais de 20 anos, muita coisa mudou. Segundo ele, devido ao barulho os animais começaram a desaparecer. "Antigamente, tinha muita coruja por aqui, o meu quintal era cheio, mas agora a gente quase não vê, só de vez em quando", afirma.

Fabio Mascriti, que há 4 anos mudou para Cantareira, para fugir da agitação de São Paulo, hoje diz que vive com problemas de saúde. "Eu só consigo dormir usando silicone no ouvido, e isto tem me dado muitos problemas inclusive depressão", diz.

Diante da situação, os moradores se organizaram e criaram o Movimento SOS Cantareira. O principal objetivo é o de pressionar autoridades a mudarem o traçado atualmente utilizado pelos aviões.

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A Secretaria Estadual do Meio Ambiente informou que ainda não foi devidamente comunicada. Segundo o comando da Aeronáutica, a região da Grande São Paulo possui como fator limitador o posicionamento dos aeroportos de Guarulhos, Congonhas e Campo de Marte. Mesmo assim, a FAB destaca que tem buscado formas de conciliar as exigências do setor e a necessidade de reduzir os impactos para a população e o meio ambiente.

Leia a abaixo a integra das notas encaminhadas:

Secretaria Estadual do meio Ambiente.

"A Fundação Florestal não foi consultada nem comunicada pelo Departamento de Controle do Espaçamento Aéreo (Decea) sobre a alteração na rota dos aviões que chegam e partem do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Essa alteração ocorreu posteriormente à elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Cantareira (PEC). 

Os possíveis impactos causados pelos ruídos sobre a fauna silvestre do PEC tendem a ser sanados com o atendimento às normas técnicas existentes, referentes aos níveis aceitáveis de ruído para o conforto acústico humano, uma vez que esta Unidade de Conservação está inserida em área urbana".

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Força Aérea Brasileira.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"A alocação das rotas das aeronaves precisa seguir preceitos de segurança do tráfego aéreo e a região da Grande São Paulo possui como fator limitador o posicionamento dos aeroportos de Guarulhos, Congonhas e Campo de Marte. Mesmo assim, o Comando da Aeronáutica tem buscado formas de conciliar as exigências do setor aéreo com medidas para reduzir os impactos para a população e o meio ambiente.

A partir de 2013, quando houve a reestruturação do tráfego aéreo na região, as rotas das aeronaves que pousam ou decolam do Aeroporto de Guarulhos foram posicionadas sobre áreas mais afastadas e mais altas das localidades habitadas. Com isso, rotas que sobrevoavam a cidade foram deslocadas para áreas de menor densidade demográfica, como a Serra da Cantareira. Dessa forma, foram atendidas solicitações da população.

Todos os voos que pousam na cabeceira 09 (próxima à rodovia Helio Smidt) do Aeroporto Internacional de Guarulhos passaram a sobrevoar a região da Cantareira. Em contrapartida, decolagens deixaram de afetar a área. Além de reduzir o ruído na área, a mudança também foi positiva em termos de qualidade do ar, pois a decolagem é a fase do voo com maior consumo de combustível e, portanto, de maior emissão de poluentes.

Vale salientar que a reestruturação de 2013 implantada pelo Comando da Aeronáutica, por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), marcou a implantação do sistema de Navegação Baseada em Performance - um dos mais modernos e seguros do mundo. A nova metodologia permitiu reduzir trajetos das rotas aéreas, com redução da emissão de CO2 e diminuição de ruído.

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Para exemplificar, o uso da tecnologia e das novas metodologias de gerenciamento de tráfego aéreo permitiram reduzir em mais de 8 minutos a rota da ponte aérea Rio-São Paulo. Os procedimentos de subidas e descidas também foram modificados, agora realizados de forma contínua, em forma de uma longa rampa, diminuindo a potência utilizada pelos motores.

As medidas adotadas seguem rigorosamente as determinações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), órgão das Nações Unidas que regulamenta o setor".

Ouça aqui a reportagem:

 

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